Aonde está a web? – parte 1. Além dos desktops

Móvel primeiro

Nós sempre pensamos a web móvel como uma coisa limitada em comparação com a web do desktop, por causa das limitações de hardware e de rede. Hoje, obviamente, essas restrições são muito menores do que eram antigamente, mas ainda é natural falar do desktop como a versão mais cheia de recursos da web e do mobile como o lugar onde você tem limitações de vários tipos.

Tornamos as coisas “mobile-first” porque é onde o tempo, a atenção e o uso está, e porque os telefones móveis estão nos bolsos, enquanto os desktops (até mesmo laptops) de todo mundo estão acorrentados na mesa do escritório. Mas mesmo assim, os dispositivos móveis ainda são de algum modo um lugar com limites, em relação ao ambiente de trabalho. Eu sugiro que invertemos isso. É, na verdade, o desktop que tem a versão limitada e básica da web.

Em primeiro lugar, há 20 anos, a web, em um desktop, essencialmente significava um navegador, mouse e teclado. Havia outras coisas acontecendo em volta, como VoIP e, para algumas pessoas, aplicativos de e-mail. Em um smartphone claramente não é mais o caso. O modelo de interação é muito mais complexo e sofisticado, e continua a mudar o tempo todo. Agora, iBeacons, notificações, Apple Pay, Touch ID e apps, muitos apps, continuam a acrescentar e a alterar as opções. Alguns desses novos recursos podem ser adicionados ao desktop, mas muitos não podem, ou chegam muito mais tarde.

Em segundo lugar, um smartphone faz muito mais do que um desktop. Ele pode ver quem são seus contatos, onde você gasta o seu tempo, as fotos que você tirou, se você está andando ou correndo e qual o seu cartão de crédito. Os sensores, APIs e dados que estão disponíveis (com permissão – na maior parte) para um serviço que você deseja usar em um smartphone são muito maiores do que para um site isolado dentro de um navegador web num desktop. Cada um desses sensores e APIs cria um novo negócio, ou muitas vezes, novas empresas, que não poderiam existir em um desktop.

A expressão mais óbvia disso é a explosão dos aplicativos sociais. Quase nenhum dos que existem teria trabalhado em um desktop, porque, o próprio smartphone é uma plataforma social – cada app pode ver sua lista de contatos, acessar a sua câmera, enviar notificações e usar mais de um app ao mesmo tempo sem que haja atrito nisso.

Mas, na verdade, podemos generalizar. O próprio smartphone é uma plataforma web, de uma forma que um desktop nunca foi. Em um desktop o navegador é a plataforma web, mas em um smartphone é todo o dispositivo. Sendo o navegador apenas um ícone para acesso a uma infinidade de opções, seja via apps, webapps ou websites.

Isso significa que, em vez de pensar sobre as possíveis restrições de um smartphone – das coisas que você não pode fazer porque a tela é menor e não há teclado – devemos sim pensar no desktop como tendo o básico, sendo uma versão limitada da web, porque só tem o navegador. É o mobile que tem toda a web.

Acompanhe no próximo artigo a batalha entre Apps e Web.
Até lá!

 Fonte: Benedict Evans

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Felipe Santos

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