O jornalista Michael Koslowski, editor chefe da Revista Good eReader fez algumas considerações do mercado de ebooks para este ano que devemos observar. Segundo ele, não há pessimismo e nem positivismo, apenas, uma mudança de caminhos. Vale a pena ler suas considerações para 2014.
E Ink começou a se distanciar do mercado de e-reader
E Ink é responsável por 85% de toda a tecnologia de tela encontrado nos e-readers que são populares hoje, como o Kindle, o Nook, o Kobo e muitos outros. Mas, a empresa tem tido problemas nos últimos anos, a cada trimestre ela perde dinheiro. A indústria de e-reader está em declínio na América do Norte e Reino Unido. A única salvação tem sido a expansão internacional da Amazon e uma parte da Kobo. E Ink começou a se distanciar do mercado de e-reader e, em vez disso, está investindo em sua tecnologia de sinalização digital. Atualmente, essa nova aplicação tem apenas 6% do fluxo de caixa total da empresa, mas em 2014 eles vão dobrar esse número e expandir para novos mercados.
Barnes and Noble suspende o desenvolvimento de e-reader
Barnes and Noble ficou durante todo o ano na incerteza se iria permanecer no jogo hardware ou se iria abandoná-lo completamente. A empresa está investindo fortemente em full color content, traduzindo para o português em sua forma original seria conteúdo de cor completo, como revistas, jornais, boletins educativos, apps e outros conteúdos.
A Barnes and Noble Nook Glowlight é o seu dispositivo de segunda geração com tecnologia front-lit para que os clientes possam ler no escuro. Eles realmente são pioneiros nessa revolução do Glowlight, no entanto, quase todas as outras empresas copiaram. O problema é o seu e-reader que não tem tido boas vendas. A maioria dos donos de e-readers não está atualizando o seu dispositivo quando chega um novo modelo ao mercado, ao contrário, dos proprietários de smartphones, não há incentivo monetário para essa atualização.
Em 2014, a Barnes and Noble vai abandonar completamente o setor de e-reader e somente lançará dois novos tablets. Eles estão fazendo mais dinheiro com o conteúdo digital que tem sido oferecido em um cenário global com a ajuda da Microsoft em profunda integração com o Windows 8.
Leitura em tablets vão diminuir em 2014
Ao longo de 2012 e 2013, as vendas de tablets tem aumentado: 45,2 milhões de unidades estão sendo enviados para o Q1 2013. O crescimento pode frustrar os fabricantes da Taiwan para abandonar a produção de tablets e fazer mais smartphones. Em 2014, 242 milhões de smartphones e 51 milhões de tables serão produzidos. Isso aumenta o segmento de produção de smartphones em 11,7% e diminui o mercado de tablets em 29,4%.
Com esses dados, é óbvio que veremos uma produção de tablets inferior, pois o mercado está excessivamente saturado. Vamos começar a ver mais smartphones como leitores, pois o segmento está crescendo a um ritmo aceleradíssimo: 75% dos canadenses e 65% dos americanos tem um smartphone. Será que o smartphone como leitor será a escolha do futuro?
A venda de ebooks vai diminuir em 2014
É quase impossível presentear alguém com um ebook, pois a maioria deles são amarrados em ecossistemas muito específicos e toda a revolução eBook Giftcard não conseguiu decolar. Ao longo da última temporada de férias, as vendas dos ebooks caíram, mas houve um vigor renovado para comprar livros de capa dura e livros de bolso.
A Association of American Publishers, que coleta dados mensais com cerca de 1.200 editoras, informou no mês passado que as vendas de ebooks tiveram um declínio na maior parte do ano de 2013. Em agosto, as vendas de ebooks foram de aproximadamente 128 milhões de dólares, uma queda de 3% comparada a agosto de 2012.
Em 2014, as vendas de ebooks começarão a ter um inevitável declínio, pois os leitores estão novamente povoando as livrarias locais. “Eu não sei se é um ponto de saturação com o digital. Três anos atrás, era um mercado nascente, mas agora parece que um mercado em maturação”, disse Len Vlahos, Diretor-Executivo do Grupo de Estudos Book Industry, em uma entrevista recente.
Parece que a novidade da compra de ebooks se esgotou com a maioria dos leitores casuais. Sabemos que muitos tem centenas de livros em seu e-reader, que eles estão completamente sobrecarregados e provavelmente nunca terão que comprar um ebook de novo tão cedo. Além disso, as livrarias se tornaram points de eventos noturnos em Nova York, o que pode ditar a regra para o mundo todo.
A Sony abandonou o consumidor de e-readers
A Sony entrou no setor de smartphones em grande forma, eles eram experts em e-readers. Ao longo de 2007 para 2010, a empresa lançou três modelos diferentes em cada ano e fomentou as vendas de e-readers ganhando manchetes em todo o mundo. Nos últimos três anos, eles só lançaram um único leitor que está com as vendas suspensas nos EUA há alguns meses. Em 2011, a Sony foi responsável por 28% de todos os e-readers vendidos no Canadá. Em 2012, a sua presença diminuiu para 18% e no primeiro trimestre de 2013 caiu para 12%.
A Sony, pioneira no mercado de ebooks em 2006/2007, está fechando sua loja de ebooks nos EUA e Canadá – e transferindo todos os clientes para a Kobo. A empresa já tinha desistido de comercializar ereaders na América do Norte, no final de 2013 É um fim melancólico para o negócio de ebooks da empresa que praticamente criou o mercado de ebooks do zero, nos EUA. O anúncio do fechamento da loja foi anunciado via release, no site da Kobo. A migração terá início em alguma semanas, devendo ser completada em março. Os aplicativos da Kobo virão pré-instalados em smartphones e tablets da Sony.
De acordo com Ken Orii, vice-presidente da Divisão de Negócios de Leitura Digital da Sony Electronics, a Kobo é a solução ideal para oferecer uma experiência abrangente para seus clientes. “Queremos oferecer aos nossos clientes, que são apaixonados por ler e compartilhar a nossa visão, o uso de formatos abertos. Com o Kobo as pessoas poderão ler facilmente a qualquer hora e em qualquer lugar. Os nossos clientes podem ter a certeza que eles vão ter uma transição suave para o ecossistema Kobo e serão capazes de continuar a acessar e ler os títulos que eles amam dos dispositivos Sony”, ele afirma.
Para mais informações, acesse:
Kobo – http://www.kobo.com/sony
Sony – http://ebooks.custhelp.com/
Sinal verde para e-books tupiniquins
Os tópicos acima refletem uma visão, em especial, do mercado norte-americano que certamente está muito mais evoluído e maduro do que a nossa realidade tupiniquim. A previsão de saturação e possível declínio é natural e até esperada, mas acredito que este cenário, caso se confirme, pode até favorecer o Brasil, visto que editoras, distribuidoras e fabricantes de devices irão se aproximar de outros mercados.
Exemplo disso é o lançamento do tablet da Kobo -Koboarc, já disponível no brasil; Rumores apontam para o primeiro trimestre de 2014 a distribuição do tablet da Amazon – Kindle Fire. E ainda há uma grande change do Surface, tablet do Windows, aportar por aqui neste ano.
O aumento e melhora dos canais de distribuição e dispositivos de leitura – seja via e-Readers (que realmente estão em declínio) ou tablets podem enfraquecer plataformas fechadas de distribuição como a Amazon e Apple, e descentralizar o mercado de e-Books. E o mais importante, desmistificando a leitura digital, tornando o consumo de e-Books uma atividade de massa. E acredito que o primeiro passo seja o aumento da oferta de leitores (apps e devices), de boa qualidade, preços acessíveis, suporte aos recentes padrões do mercado – ePUB3, HTML5, CSS3, entre outros.
Claro que o mercado funciona como uma engrenagem e a demanda não irá aumentar se do outro lado não houver uma oferta razoável de conteúdo digital bem trabalho, com qualidade técnica e visual, e preço justo também! Mas pelo que acompanho do mercado esse segundo item está indo bem, pois temos uma crescente produção de e-Books a todo vapor.
Que venha 2014 com seus desafios e oportunidades. Acesse o link para ler o artigo original em inglês.
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