Aqui no Brasil, temos um histórico extenso de inúmeras cidades construídas sem planejamento e organização urbana. É um desafio para muitas delas investir em sustentabilidade, mobilidade e tantas outras necessidades. Para discutir soluções sobre isso, a terceira edição da Conferência Internacional de Cidades Inovadoras 2014 (CICI) aconteceu nesta última semana em Curitiba.
O CICI é um evento que propõe, entre outras coisas, discutir e apresentar propostas diferenciadas no campo das tecnologias sociais e sustentáveis com foco na aplicação delas na cidade, para melhorar sua estrutura e, consequentemente, a vida dos cidadãos.
Projetos de geração de energia, empreendedorismo, soluções em arquitetura e urbanismo, tecnologias educacionais e mobilidade urbana foram o eixo principal do evento. No entanto, aconteceu o fórum de Tecnologia para Cidades, cujo tema foi “Mobilidade no Brasil”, na manhã de quinta-feira, dia 08.
No debate, estavam presentes: Andre Marim, do Fleety, primeiro serviço P2P de aluguel de carros no Brasil; Luisiana Paganelli, arquiteta e especialista em mobilidade urbana; Dilney Bilbao, representante da Smart Green, empresa de soluções tecnológicas sustentáveis; e, atuando como mediador da discussão, Caio Vassão, arquiteto e especialista em mobilidade urbana sustentável.
Tecnologia para cidades
“No Brasil, nós encontramos desafios culturais, desafios relacionados a politicagens partidárias e, no fim, desafios quanto a investimentos financeiros, mas nunca falta tecnologia”, afirma Bilbao quanto às boas ideias encontradas em vários projetos e empresas brasileiras.
Marim diz que muitas vezes têm-se modelos incríveis que funcionam em cidades estrangeiras. Porém, quando alguém tenta implantá-los no Brasil, são necessárias várias adaptações e ajustes de detalhes que no fim alteram todo o projeto. Bilbao complementa dizendo que desenvolver cidades inteligentes no país acaba tornando-se algo sob medida, como o processo de “um alfaiate fazendo um terno”.
Sobre a latente vontade de implantar projetos como os de modais e carros compartilhados, um dos principais subtemas do fórum, Marim diz que o objetivo é que em breve venhamos a olhar a mobilidade “como um serviço e não como um bem”, um contraponto em relação à ideia comum de que cada pessoa precisa ter seu próprio veículo pessoal.
Aplicativos a serviço do consumo colaborativo
Outra discussão foi a dos aplicativos de avaliação que auxiliam na promoção e melhor execução desses serviços. “No consumo colaborativo, a indicação pesa muito na tomada de decisão”, comenta Marim sobre como é útil a orientação dada pelas ferramentas de avaliação que geram reputação dos usuários que compartilham serviços de aluguel de carros, casas e até mesmo organização de caronas.
Para Paganelli, “o carro compartilhado só funciona por causa da mudança de comportamento causada pelo sistema de ratings e reputação”. Ela também frisou que é importante ter o apoio do governo na implantação desses sistemas, ponto em que os convidados concordaram. “Eu quero o Governo trabalhando ao meu lado, ajudando a desatar os ‘nós” na legislação para auxiliar na implantação dessas iniciativas”, conclui Marim.
O tema da conferência este ano é “Soluções Inovadoras Para Cidades do Século XXI”. O evento, realizado no pequeno auditório da Universidade Positivo, tem recebido palestrantes e participantes do mundo inteiro e encerrou ontem, às 18h30. A realização está a cargo do IBQP em parceria com a Universidade Positivo e Prefeitura Municipal de Curitiba.
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