A discussão sobre o futuro do livro físico e sua pretensa obliteração pelo formato digital já está desgastada, mas é bom não esquecer que boa parte dos leitores ainda está em cima do muro: mesmo tendo adquirido leitores digitais, eles não deixaram de comprar livros físicos, isso quer dizer que o apocalipse do livro de papel pode ser adiado em alguns anos.
Se você não é o tipo de pessoa que vai perder essa mão na roda só pra levantar a bandeirinha do tradicionalismo sem limites, é possível que já tenha optado ou esteja pensando em optar por um Kindle.
Embora os dois modelos disponíveis hoje no Brasil sejam simples e não sigam a regra do device que faz absolutamente tudo que você precisa na sua vida, os leitores digitais da Amazon guardam alguns segredinhos nem tão secretos assim e descobri-los vai facilitar a sua vida.
1. Hora de criar a sua biblioteca digital
A maioria das pessoas compra o leitor digital com um só objetivo: ler livros. Se você já parou para pensar no seu consumo de literatura como uma dependência grave e passível de tratamento, prepare-se para alcançar um pouquinho de redenção ao adquirir um Kindle: os livros digitais são um pouco mais baratos, você poderá ler no transporte público sem precisar fazer malabarismo para equilibrar um calhamaço numa mão só, vai carregar menos peso e se o livro acabar no meio do caminho, não tem problema: tem mais alguns bem ali.
Embora a oferta brasileira de e-books ainda não seja uma maravilha e o preço das versões eletrônicas não apresente grandes vantagens sobre as edições físicas, o leitor digital ainda representa economia. Sabe aquele monte de arquivos de livros que você acumulou a vida inteira no seu HD, jurando que um dia iria ler mesmo com toda a canseira causada pela tela do computador? Então, amigo, chegou a hora de colocar toda essa biblioteca alternativa no Kindle. Se você é essa pessoa equilibrada que não passou anos acumulando arquivos, parabéns. E meus pêsames, porque isso vai mudar agora mesmo.
Lá vai uma dica! O Calibre é a ferramenta mais utilizada para converter arquivos para .mobi, o formato nativo do Kindle. Basta fazer o download do programa e é possível converter todos aqueles livros não lidos ou mezzo lidos e passá-los para o seu leitor via USB. Só que além de exigir que você faça as conversões e coloque os arquivos dentro do device no muque, o Calibre não é a ferramenta mais bonita e amigável que você verá na sua vida.
Se você usa várias máquinas e não está na vibe de baixar um programa de conversão existem as opções que não precisam de instalação, como o Cloud Convert e o Online Convert que podem ser usados direto no site e transformam seus livros e documentos em arquivos .mobi, prontinhos para serem lidos no Kindle.
Mas tem um jeito ainda mais fácil! A própria Amazon oferece um software para desktop que envia seus arquivos para o Kindle e você pode baixar as versões para PC e Mac. Clique aqui e experimente! Depois de instalar, é só clicar com o botão direito do mouse sobre um arquivo e aparecerá a opção Send to Kindle. O programa faz a conversão do documento para .mobi, mas pode demorar para que ele chegue ao seu leitor.
2. Organize sua biblioteca digital como você quiser
Você pode organizar seus livros digitais de duas maneiras: deixando uma lista de livros na sua tela inicial ou criando coleções. No caso da primeira, as opções de exibição são por mais recentes, por título ou por autor. Se você tem mais de 20 livros no seu Kindle, a melhor opção para fugir da insanidade organizacional são as coleções.
O mesmo livro pode estar dentro de diferentes coleções sendo possível criar múltiplos grupos com diferentes divisões: por autor, por gênero, por língua, por tema e o que mais der pra inventar. Se optar pelas coleções, o Kindle sempre vai manter no alto da tela a última coleção na qual você entrou.
Assim, uma ideia é criar três coleções funcionais: a de livros lidos, a de livros que você está lendo e a de livros a serem lidos, e manter as duas últimas no topo da lista.
Dois lembretes importantes: excluir as coleções não exclui os arquivos de livros ou documentos contidos nelas; se acontecer alguma coisa com seu Kindle e você tiver que adquirir outro, a conta da Amazon continuará sendo a mesma e seus livros estarão lá. Mas, as coleções vão sumir e será preciso organizar tudo de novo.
3. Envie textos do seu navegador direto para o Kindle
Você está aproveitando seus cinco minutos de internet e de repente encontra um artigo legal, você poderia lê-lo, mas coisas incômodas como trabalho, obrigações ou responsabilidades são impedimentos.
Suas opções são deixar o link aberto no navegador (e depois fechar todas as abas sem querer), favoritá-lo (e esquecer pra sempre), mandar pra você mesmo por e-mail (e nunca ler) ou usar uma ferramenta de curadoria de links (e acumular mais artigos do que poderia ler numa vida inteira, mesmo se passasse 24 horas por dia fazendo isso).
É possível acreditar em pequenos milagres quando o staff das principais ferramentas de armazenamento de favoritos tem a epifania de se integrar com o Kindle.
O Instapaper, um dos mais conhecidos sites de favoritos, disponibiliza o envio dos textos salvos para o seu Kindle. Eles vêm num só arquivo e dá para escolher a periodicidade e quantidade de artigos enviados, mas não espere um grande primor da arte da diagramação. Ele também não permite a visualização de imagens e não dá pra adicionar o arquivo de artigos a uma das suas coleções.
O Readability é um complemento para navegador que também guarda seus links para leitura posterior. A opção de envio de artigos para o Kindle cria documentos minimalistas e oferece aquela que provavelmente é a melhor experiência de leitura de artigos no Kindle, embora o envio de imagens também seja um problema.
A Amazon não perdeu tempo e criou seu próprio complemento para enviar artigos do browser, o Send to Kindle. Ele tem até um botão que você coloca no seu site ou blog para que os leitores possam enviar os artigos diretamente para seus dispositivos. Acontece que o Send to Kindle é temperamental, trava muito e às vezes simplesmente não simpatiza com um artigo e não o envia a não ser após várias tentativas.
Algumas aplicações para navegador foram criadas especialmente para o device, como o Push to Kindle, e reza a lenda que ele é o mais funcional de todos. Lembre-se de que para utilizar esses complementos é necessário colocar os e-mails deles na lista autorizada a enviar material para o seu Kindle. Para fazer isso, entre na sua conta da Amazon e acesse as “Configurações de Documentos Pessoais”.
4. Envie arquivos para o seu Kindle por e-mail
Você também pode enviar arquivos para o seu Kindle por e-mail. Para isso, entre na sua conta da Amazon e clique na opção “Gerencie seu Kindle”. Depois, à esquerda da tela, entre em “Configurações de Documentos Pessoais” e adicione os endereços de e-mail que poderão mandar conteúdo para o seu aparelho. Os arquivos que forem enviados de outros e-mails serão descartados. Depois de fazer a configuração, é só anexar um arquivo (no formato .mobi) e mandar ver. Um truque: se o arquivo for um PDF, você pode enviá-lo no formato original, mas alguns PDFs ficam ilegíveis no Kindle. Então coloque a palavra “convert” no título do e-mail e ele será convertido automaticamente. Só que pode demorar e nem sempre dá certo.
5. Leia seus feeds favoritos no Kindle
Do vício em livros para o vício em blogs é um pulo. Dá para ler alguns dos seus feeds preferidos no leitor digital usando o Kindle4rss, que monta uma revistinha com o conteúdo que você acompanha. A versão gratuita permite a assinatura de até 12 feeds com 25 artigos por edição, mas é preciso que você coloque o conteúdo manualmente no seu Kindle. A versão paga custa $1,90 por mês, oferece até 300 assinaturas com número ilimitado de artigos por edição e ainda envia os arquivos automaticamente para o aparelho.
6. Acesse o conteúdo do seu Kindle em outros aparelhos
Aí a bateria do Kindle acabou numa situação em que não dá pra recarregar bem quando você pretendia continuar uma leitura. Não precisa chorar: é possível acessar o conteúdo do seu Kindle em outros devices através de aplicativos disponibilizados pela Amazon. Tem pra iPhone, iPod Touch, iPad, Android, tablet Android e tablet com Windows 8.
7. Seus arquivos e a nuvem da Amazon
Nem todos os arquivos que você coloca no Kindle ficam guardados nos servidores da Amazon. Tudo aquilo que você compra ou envia para o Kindle via e-mail ou complementos de navegador fica armazenado tanto no aparelho como na nuvem da Amazon. No entanto, os arquivos que são colocados no Kindle via cabo USB ficam somente no aparelho. Se acontecer alguma coisa com seu device, eles se perdem.
8. Use o Kindle para ler quadrinhos
O Kindle e o Kindle Paperwhite não são os devices ideais para a leitura de quadrinhos, tanto pelo tamanho da tela como pela ausência de cores. Mas se a vontade for maior que o juízo, sempre há um jeitinho.
Pelo site da Amazon é possível baixar gratuitamente o Kindle Comic Creator, um software que permite que os quadrinistas criem HQs em .mobi para vendê-las no site. Você pode baixá-lo e converter as HQs que estão no seu computador, só que como o foco da ferramenta não está nos usuários, mas nos criadores, utilizá-la não é fácil nem rápido.
Já o Mangle foi criado com o objetivo de tornar a leitura de mangás possível no Kindle. Como os mangás costumam ter um formato menor que o dos comics americanos e geralmente são em preto e branco, a experiência não fica muito prejudicada.
9. Coloque uma senha no seu Kindle
Digamos que você seja Professor Doutor em Literatura Russa, resolva ler Crepúsculo (só para entender o fenômeno, lógico) e não queira que ninguém descubra para evitar situações academicamente embaraçosas. Simples: coloque uma senha no seu Kindle. Tanto o modelo simples quanto o Paperwhite oferecem em seus menus de configurações a opção de criar uma senha numérica para o dispositivo.
10. Quanto mais línguas, mais dicionários
O Kindle já vem com dicionários, mas quem é poliglota ou está estudando outras línguas pode adicionar mais alguns. Aqui você encontra dicionários já no formato nativo do leitor da Amazon.
Fonte: Gizmodo Brasil
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