Ao anunciar sua entrada no mercado editorial brasileiro, em 6 de dezembro de 2012, a Amazon, apostava que aquele seria o Natal do Kindle, o pequeno leitor digital que dá acesso a um universo de milhões de livros. Mas não foi.
O primeiro obstáculo apresentou-se logo na largada: o lote inicial ficou retido na alfândega de Vitória, no Espírito Santo, aguardando liberação da Anatel, e só pode começar a ser vendido duas semanas depois. De lá para cá, tem sido uma dificuldade atrás da outra.
Imprensada entre os impostos altíssimos — por causa deles, seu leitor aqui é o mais caro do mundo —, os labirintos da burocracia, a feroz resistência das livrarias e a falta de mão de obra especializada (a vaga do número 2 da operação levou meses para ser preenchida), a Amazon, um portento com faturamento de 61 bilhões de dólares em 2012, completou um ano de atividade no país em marcha lenta. Trata-se de um caso emblemático de como o custo de fazer negócios no Brasil pode minar as intenções até mesmo de uma empresa que tem poder de vida ou morte em seu setor.
Apenas 60.000 Kindles foram vendidos até agora no Brasil, contra 3 milhões de iPads. Um problemão, já que o Kindle representa uma arma indispensável na fidelização de clientes: é fácil de carregar, fácil de ler em qualquer lugar e nele é facílimo fazer download dos milhões de e-books à venda na Amazon, o negócio mais lucrativo da livraria.
Mas qual será o erro da empresa? Erro de estratégia? Não exatamente. A Amazon sabia o que a esperava, pois preparava a vinda desde 2009, só que o chamado custo Brasil saiu mais caro do que o previsto. O peso dos impostos é um bom exemplo. A empresa tinha plena consciência dele, tanto que contratou Welber Barrai, ex-secretário de Comércio Exterior do governo Lula, para batalhar no Congresso por um projeto de lei que, em nome da cultura, isenta o Kindle de impostos; o lobby deu resultado no Senado, mas ainda se arrasta na Câmara. Com isso, o preço ficou nas alturas: o Kindle simples está custando 299 reais. O mesmo aparelho sai pelo equivalente a 260 reais na Inglaterra, 180 reais na França e 150 reais nos Estados Unidos. “Se zerarem os impostos, como aconteceu em outros países, o preço reduziria 60%”, afirma Alex Szapiro, vice-presidente da Amazon no Brasil.
Mesmo com tanta má notícia, a Amazon começou suas vendas de produtos físicos no país nesta última sexta-feira, dia 07 de Fevereiro. “A gente está abrindo uma operação de varejo tradicional, como todo mundo conhece: com armazém, logística”, disse Szapiro.
Depois de ter chegado ao Brasil há um ano e dois meses, a companhia faturou, apenas, US$ 74,5 bilhões vendendo livros digitais. O Kindle começou a ser vendido por outras lojas, como Ponto Frio e Livraria da Vila. Em novembro de 2012, a Amazon ampliou sua operação online e iniciou a venda de aplicativos para o sistema Android. Vamos ver se agora as coisas melhoram para a maior varejista do comércio eletrônico do mundo.
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