Governo Federal compra milhares de tablets para professores, enquanto alunos da Universidade Estácio de Sá já ganham até de graça
A mudança de hábitos é visível. Lembre-se, por exemplo, da última vez que esteve em um aeroporto: havia mais gente lendo jornais e revistas impressas ou de olho em seus tablets, celulares, netbooks e afins? E paralelamente à força consumista juntaram-se o governo e o empresariado, ambos distribuindo (!) milhões de equipamentos para cidadãos/clientes. Tal mudança inclui, claro, grandes oportunidades de trabalho para os profissionais mais antenados.
Dona Dilma, por exemplo, resolveu investir pesadamente, como “nunca antes na história deste país”. O Ministério do Planejamento gastou, no primeiro semestre, R$ 337,9 milhões com aquisição de tablets – o que representa 45% do montante usado na compra de bens e serviços de Tecnologia da Informação. Ao todo, serão comprados cerca de 600 mil tablets para professores da rede pública.
Quando a compra foi anunciada, muitos evocaram a ideia de que “não adianta dar o peixe, mas, sim, ensinar a pescar” – ignorando, porém, que tais equipamentos foram criados sob o princípio do uso intuitivo. Fato é que uma legião de usuários vai desembocar no mercado, muitos deles, possivelmente, encantados com a possibilidade de trocar os quilos de livros pelo novo brinquedo.
Além do governo, o empresariado também ajuda a aquecer a massa de e-leitores – e, consequentemente, na formação de um amplo mercado consumidor de tudo o que diz respeito à nova tecnologia. A Universidade Estácio de Sá deu o pontapé inicial: há exatamente um ano, alunos de Direito do Rio de Janeiro e do Espírito Santo foram agraciados com um iPad no lugar das apostilas impressas. Neste ano, o projeto se expandiu para as filiais de todo o Brasil, distribuindo mais de 14,5 mil tablets. A medida, mais do que gerar marketing, teve também um viés econômico: a Estácio já fornecia gratuitamente material didático em papel e, ao pôr os custos na ponta do lápis, constatou que comprar o equipamento em larga escala era mais vantajoso do que bancar a gráfica.
Com iniciativas como essa, a mudança de hábitos parece mesmo inevitável – e os números já comprovam isso. A empresa de análises comScore divulgou um estudo que revela que o uso de smartphones e tablets foram responsáveis por 2,3% da navegação na web no Brasil no mês de maio. A expectativa é de que, em dois ou três anos, o número chegue a 13%. Via tablets, por exemplo, o acesso à internet cresceu 40% no ano passado.
Consequentemente, o aumento da navegabilidade acabou abrindo os bolsos dos e-consumidores. Um outro estudo, este feito pela Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (Câmara E-net), concluiu que o uso de aparelhos móveis (smartphones e tablets) nas compras pela internet aumentou de 0,3% no ano passado para 1,3% no primeiro semestre deste ano. Ainda é pouco, é verdade. Mas trata-se de um público consumidor com renda familiar média de R$ 7.200,00, a maior parte localizado na região Sudeste.
É de se supor, portanto, que a demanda por aplicativos, ebooks e demais publicações digitais têm enorme potencial para crescer na mesma medida. E você, vai ficar fora dessa?
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